sexta-feira, 11 de março de 2011

E viva o novo...



A capacidade de esquecer é o que existe de mais precioso sobre a face da Terra, sob nossas faces. Amar é indubitavelmente mais magnânimo, mas não é tão essencial quanto o esquecimento: é ele que nos mantém vivos.

O amor torna a paisagem mais bonita, mas é o bálsamo curativo do esquecimento que nos faz ter vontade de abrir os olhos para vê-la.
A paixão empresta um sentido quase mítico aos dias, mas é esquecer a excruciante tristeza perante a morte dela que nos torna aptos a nos encantar
novamente dali a pouco.

Já esqueci amores inesquecíveis e sobrevivi a paixões que, tinha convicção, me matariam se terminassem.

Às vezes, cruzo na rua com fantasmas que já foram bem vivos na minha história e não deixo de sentir uma certa melancolia por perceber que aquele rosto um dia pleno de significado se tornou tão relevante quanto um outdoor de pasta de dentes.

Algumas pessoas são simplesmente apagadas da memória como filmes desimportantes. Sem maldade ou intenção, apenas esmaecem até desaparecer.

É mesmo impossível manter na memória da pele todos que passaram por nós ou sermos mantidos por todos: gente demais, espaço de menos...

O passado deve ser mantido no lugar dele e não trazido nas costas feito mochila de viajante, lotada com os erros cometidos e alegrias jamais revividas.

Para ser feliz é necessário pouca coisa além de se livrar do excesso de cargas e esquecer das coisas certas.

Nunca mais haverá amor como aquele?
Ótimo, porque o novo é tão imenso que seria um desperdício se algo se repetisse.
Todo mundo passa.
E é bom que seja assim...